terça-feira, 3 de abril de 2012



PALAVRA DOMINGO 01/04/2012:
Perigos do Evangelho da Prosperidade.
"Vou fazer de tudo para que meus filhos tenham tudo o que eu não tive". Essa é a nossa intenção como pais.

Não vejo nada de errado nessa expressão quando desejamos dar educação, estudo, amor e demais coisas que são essenciais para a nossa vida. 
O problema surge quando criamos um referencial de amor desfigurado, onde o nível de amor é mensurado pela quantidade de objetos que damos para eles. Estamos sugerindo que amamos mais quando damos mais e amamos menos quando damos menos. Quanto mais você tem, mas amado e querido você é. 
Naturalmente, a criança cresce e no seu intelecto já está gravado que os objetos são mais importantes do que as pessoas. Quando adulto, essa pessoa se vê cercada por um mundo onde você é respeitado e valorizado pela quantidade de coisas que tem (mansão, carrão, fazendas, casa na praia, muito dinheiro...). 
Vivemos em meio a uma correria desenfreada, agressiva e inconsciente por ter mais, mais e mais... e isso tem levado muitas pessoas ao limite físico, intelectual e emocional também. Mas o que me leva a falar a respeito desse assunto é que um dos melhores e mais completos locais de refúgio está brincando na mesma roda. Este local deveria oferecer descanso e alívio em meio aos caos do nosso dia-a-dia. Este local é a igreja... E o pior é ver os seus líderes, que se autodenominam bispos e apóstolos, de um lado vestido de terno e do outro com um chapelão de peão, digladiando por maior audiência e tentando justificar mansões em condomínios luxuosos que valem mais de R$ 7 milhões, fazendas avaliadas em mais de R$ 50 milhões... E o agravante (e é aqui que fico bravo) é que estão ensinando um outro evangelho, o qual não se encontra em nenhuma Bíblia, dizendo que Deus quer que você seja rico e para isso você deve se associar a Ele, pela fé, para conquistar riquezas, pois nessa vida você não vai alcançar muita coisa sem dinheiro! Dá-se a entender que se tenho bastante sou mais abençoado que o outro que pouco tem... Deus me ama mais do que outro porque tenho mais coisas! E, desta maneira, a igreja, que deveria ser um local de descanso, torna-se em um novo local de angústia, dores e sofrimentos... Não encontramos nada disso, de maneira explícita ou implícita na Bíblia. Mas lendo as escrituras encontro uma passagem onde certo dia um moço sobe até uma montanha e começa a ensinar pessoas de vários níveis culturais que não devemos andar angustiados se amanhã teremos o que comer, beber e se vestir, que não devemos juntar tesouros aqui na terra pois a ferrugem pode corroer e o ladrão pode roubar, pois aqui é tudo passageiro e nada levaremos daqui. Esse moço mostra para aquele grupo que Deus, além de prover alimento para uma ave que nem sequer planta para colher, que veste uma planta com lindas flores de maneira mais fina que o homem mais rico que já viveu jamais vestiu, se importa muito mais com a obra-prima da sua criação, sabendo de tudo o que precisamos e que se, em primeiro lugar buscarmos o seu reino e a sua justiça, tudo o que precisamos para viver dignamente será providenciado por Ele (Mt 5). 
Paulo diz que em busca das riquezas o homem pode mergulhar na ruína, encontrando muitas dores e sofrimento, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males ( 1Tm 6). O romancista russo, Fiódor Doitoiévski, em 1879, escreve um conto onde Jesus volta a terra é acusado por um líder religioso de ter fracassado na sua missão, dizendo que jamais as pessoas viriam até Ele por misericórdia e justiça, mas somente pelo pão, milagres, maravilhas e poder econômico. Neste conto, a igreja está corrigindo os erros cometidos por Cristo e Ele é novamente preso... Hoje vemos essa profecia se cumprindo. Vemos igrejas que mais se parecem com um comércio. 
Otto Murano define a religião como sendo um conjunto de práticas que se referem à seres superiores com os quais desenvolvemos uma relação de obrigações e benefícios, ou seja, se eu faço o que ele quer que eu faça, ele me abençoa. Se eu não pratico o que minha tradição religiosa determina, sou amaldiçoado. Isso se aplica para aquela pessoa que faz um despacho para um entidade espiritual, usa um cordão no pescoço, acende velas por um certo tempo, sobe degraus de uma escada de joelhos, participa de uma corrente de oração em uma igreja evangélica... A linha religiosa é diferente mas a mentalidade é praticamente a mesma. A escravidão e o relacionamento com essa divindade vêm pela culpa, medo e ganância. Se me sinto culpado, preciso do seu perdão para viver em paz. Vivo com medo pois se não for perdoado uma praga pode ser enviada para minha casa e eu ser amaldiçoado. 
E se tenho certa ganância em ganhar mais, ter uma casa maior, um carro maior, mais, mais e mais... acabamos ficando presos nessa relação de obrigações e sacrifícios, vivendo em um temor constante de que vai acontecer uma tragédia ou castigo, seja aqui, ou para a eternidade. A minha mensagem é de um Evangelho de superação. Um Evangelho genuíno. O Evangelho de Jesus Cristo. Simples e completo. 
Este Evangelho nos dá a convicção de que somos livres de toda culpa, não precisamos viver com medo de Deus e de que não há nada que possamos fazer para merecer sua benção, amor, favor e sua graça. 
Precisamos mudar nossa mente e aprender a descansar no Seu amor e bondade, sem medo, culpa e sem a intenção de querer, de alguma forma, arrancar uma benção das suas mãos. 
O meu pedido é que você busque a verdade em uma igreja de verdade, onde o que mais vale é o que você é e não o que você tem (dízimo) e que neste local você se sinta bem. 
A minha oração é que você viva livre, sem opressão e com a certeza que Deus te ama, e que a única coisa que Ele quer de você é o seu coração!
Pr: Patrick Oziel Pallas

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